Esta semana, a Biblioteca Escolar João Antunes propõe-te a leitura de um pequeno e interessante conto de Fernando Pessoa intitulado Um grande português ou A origem do conto do vigário. Por favor, acede à obra clicando aqui.
António Bagão Félix no prefácio que escreveu para a edição desta obra com a chancela Centro Atlântico deixou-te excelentes motivos para a leres ou releres. Deixamos-te aqui um pequeno fragmento do texto do prefácio, que, esperamos, te desperte a vontade de leres a nossa sugestão de leitura: «Já passaram oitenta anos desde que O “Notícias” Ilustrado deu à estampa esta narrativa na vida do Vigário. Muito mudou, na circunstância, entenda-se. Os contos viraram euros, mas o conto ainda o é. Na essência. E o senhor Vigário, lavrador e ribatejano, de que nos fala Pessoa, metamorfoseou-se num ambiente de globalização e de exuberância tecnológica. É claro que continua a haver o vigário doméstico ou local, com uma métrica modestamente artesanal de enganar o parceiro. Mas a sofisticação da trapaça é agora universal, sem muros ou obstáculos.
Há os vigários tóxicos, os vigários prolixos e os vigários que passam entre os pingos da chuva. Seguramente todos nocivos. Há, também, os vigários políticos e eleitorais que prometem sem cumprir, para crédulos e votantes sempre disponíveis para recair no conto-do-vigário.
A própria linguagem amaciou a técnica do vigário. Não mente, limita-se a dizer uma inverdade. Não tem conflitos de interesses, antes está a tirar partido de uma sinergia. Não comete burlas, o que enfrenta, coitado, são imparidades. Não é aldrabão, assume-se como flexível. Tacticamente Individualista, diz que nada tem a ver com a vida dos outros, para que os outros o deixem à vontade na sua vida. Para ele, os fins justificam, sem pestanejar, qualquer meio».
Boas Leituras!
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